Algumas escolas japonesas “proíbem” alunos de usar casacos no inverno devido a regras sem sentido

Quando o assunto é educação, o Japão sempre se destaca, mas as rígidas regras das escolas japonesas estão prejudicando essa imagem.
Não é segredo para ninguém que a maioria das escolas japonesas, possuem regras rígidas para manter a ordem e oferecer uma educação de qualidade. Mas algumas regras não fazem o menor sentido.
Muitas não permitem que os alunos façam alterações em sua aparência física, dessa forma, é proibido tingir o cabelo, usar acessórios, maquiagem, lentes de contatos coloridas, esmalte nas unhas, depilar as pernas ou até mesmo pinçar as sobrancelhas.
Além das regras sobre a aparência física, muitas escolas têm seu próprio código de vestimentas e essas regras escolares excessivamente rígidas estão se tornando um problema social predominante no Japão.
Recentemente, o jornal Mainichi descobriu que algumas escolas no sudoeste do Japão têm restrições sobre roupas de inverno para os alunos, ou seja, eles são proibidos de usar casacos, mesmo quando o frio rigoroso do inverno atinge o país.
Em meados de janeiro, um estudante de 17 anos caminhava no frio, vestindo apenas um uniforme com gola alta, enquanto ia para sua escola na cidade de Kagoshima. Ele disse ao jornal Mainichi: “Cara, estou com frio. Já vi outro aluno ser chamado por um professor após ir para a escola com um casaco.”
O estudante não usa casaco no caminho para a escola, em vez disso, suporta o frio usando suéteres e roupas térmicas de alto desempenho por baixo do uniforme.
Após um pedido de liberdade de informação ao Conselho Municipal de Educação de Kagoshima para obter as regras das escolas municipais de ensino médio no ano letivo de 2022, eles descobriram que as regras da escola desse menino incluíam uma seção que dizia:
“Proibimos os alunos de usar sobretudos, macacões, etc. No entanto, isso não se aplica aos casos em que o departamento de orientação estudantil autoriza o uso de roupas proibidas.”
Ou seja, se o aluno quiser usar um casaco no inverno, ele precisa pedir autorização para a escola.
Segundo o jornal Mainichi, também há escolas que possuem regras diferentes para alunos do sexo masculino e feminino. As regras de outra escola especificam que “Os meninos não podem usar casacos e outras roupas externas. No entanto, nos casos em que viajam uma longa distância ou estão doentes, eles podem obter permissão da escola por meio do professor da sala de aula”. Quanto às meninas, a escola permite o uso de jalecos, desde que sejam designados pela escola.
Um aluno de 18 anos reclamou “Os professores usam casaco, mas por que não podemos? Mesmo que eu use o suéter do meu clube quando vou para a escola, sempre o tiro perto da escola.”
Recentemente, uma estudante japonesa também compartilhou no twitter que as regras de vestimentas da sua escola não permite que ela use meia-calça por baixo das saias, mesmo com o frio rigoroso.
Por que as escolas japonesas possuem essas regras sem sentido?

O vice-diretor de uma das escolas que proíbem o uso de casacos no inverno disse: “As regras existem há muito tempo, então não sei para que servem”.
“Os alunos ficam aquecidos usando camadas dentro de seus uniformes e também podem usar casacos se obtiverem permissão telefonando para a escola pela manhã”, acrescentou.
Outra escola com regras sobre vestimentas, que diferem entre meninos e meninas, disse que também não tinha certeza sobre o significado educacional das regras. Um professor especulou: “Talvez seja porque, embora as alunas não possam usar muitas roupas por baixo de seus uniformes, os alunos podem usar roupas térmicas por baixo de seus uniformes.”
“As crianças também têm direitos humanos. É importante discernir se as regras têm significado educacional e gostaríamos que as escolas refletissem se as regras são realmente necessárias”, disse Taiki Takeuchi.
Takeuchi é advogado e líder da equipe do projeto de “Perguntas e respostas sobre a revisão das regras escolares” direcionada aos conselhos educacionais locais da Prefeitura de Miyazaki.
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Fonte: The Mainichi
Imagem de destaque: Getty Images
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