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Estrangeiros que se formaram no Japão não podem deixar o país mas também não podem trabalhar por causa do visto

Os estudantes estrangeiros que se formaram nas escolas de língua japonesa estão em circunstâncias difíceis devido à disseminação do coronavírus. Com os cancelamentos de voos impedindo-os de voltar para casa e a lei que os proíbe de trabalhar após a formatura, muitos estão presos no Japão sem meios de ganhar dinheiro para viver.

No dia 10 de abril, três vietnamitas que haviam estudado no Japão foram à prefeitura de Kobe, na capital da província de Hyogo, e apresentaram uma petição dirigida ao prefeito por apoio à subsistência. Um deles, um homem de 21 anos que se formou em uma escola de língua japonesa no final de março depois de estudar lá por um ano e meio, disse: “Minhas economias estão na casa dos milhares de ienes. Mesmo que eu economize, elas acabarão daqui a um mês e meio. Por favor nos deixe trabalhar. ”

Ele havia comprado uma passagem que o levaria de volta para o Vietnã no dia 26 de março, dia em que seu visto expirou, mas pouco antes de partir, o voo foi cancelado. Ele cancelou o contrato do apartamento em que morava e passou a morar na casa de um amigo. Mas ele diz que, mesmo assim, se alimenta, mantém suas contas de celular pagas e outras despesas, e estas chegam a dezenas de milhares de ienes por mês.

De acordo com a Lei de Controle de Imigração, as pessoas que têm status de residência para estudar no Japão podem trabalhar por no máximo 28 horas por semana em empregos de meio período, mas somente se estiverem matriculadas em uma escola. O rapaz do Vietnã trabalhou até o final de março em uma fábrica de bentô (marmitex) e ganhava cerca de 120.000 ienes por mês. Quando se formou, ele teve que deixar o trabalho para não estar fazendo algo contra a lei.

Devido aos efeitos do coronavírus, a Agência de Serviços de Imigração do Japão decidiu permitir que estrangeiros cujos vistos de estudante estavam chegando ao fim do prazo trocassem-os por vistos de estadia de curta duração, permitindo que eles permanecessem no país legalmente. O vietnamita solicitou a troca de vistos e recebeu uma prorrogação de 90 dias para sua estadia, mas ainda não pode trabalhar sob a nova classificação.

Toshiaki Torimoto, 72 anos, diretor da organização sem fins lucrativos Japão-Vietnã, acompanhou os três vietnamitas a apresentarem sua petição na prefeitura de Kobe. Torimoto viu muitos estudantes estrangeiros financiarem suas despesas com empregos de meio período e enviar parte do dinheiro restante para suas famílias em casa.

Os estudantes estrangeiros quase não têm economia. Essa situação de estar no Japão por sabe-se quanto tempo e com sua fonte de renda cortada, é como dizer a eles para morrer. Se isso continuar, pode levar a furtos em lojas e outras formas de crime ” ele disse.

Nos últimos anos, o número de estudantes estrangeiros no Japão disparou. Os totais compilados pelo Ministério da Justiça mostram que em 2008 cerca de 138.000 estudantes estrangeiros foram matriculados nas universidades do Japão, nas escolas de língua japonesa e nas escolas especializadas. Em 2018, isso aumentou cerca de 2,4 vezes para cerca de 337.000 pessoas.

De acordo com uma investigação do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar em 2018, cerca de 298.000 estudantes estrangeiros trabalhavam meio período, representando quase 90% de todas as pessoas que vieram do exterior para estudar.

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