O que aconteceria se o Monte Fuji entrasse em erupção após um grande terremoto?

O Monte Fuji é a montanha mais alta de todo o arquipélago japonês com um cume de 3.776 metros, localizado entre as províncias de Yamanashi e Shizuoka.

Embora o Monte Fuji seja um vulcão ativo, o risco de erupção é baixo e a grande maioria das pessoas no Japão considera extremamente baixa a probabilidade de isso ocorrer num futuro próximo.

Sua última erupção -a erupção Hoei- foi registrada há três séculos, em 1707, durante o período Edo (1603-1868). Semanas antes, havia ocorrido um grande terremoto, com epicentro no Nankai Trough, que se estende do centro ao oeste do Japão, na costa do Pacífico.

A erupção, que se estima ter deixado uma camada de cinzas vulcânicas com cerca de quatro centímetros de espessura no centro de Tóquio, teve um efeito desastroso sobre as pessoas que viviam nas imediações, causando declínios agrícolas e levando muitos a morrer de fome.

Durante a erupção Jogan (864-866) no período Heian (794-1185), a lava fluiu e inchou no enorme lago no lado norte do Monte Fuji, dividindo-o no Lago Shoji e Lago Sai, que agora fazem parte dos Cinco Lagos Fuji. Acredita-se que a Floresta Aokigahara formou-se no topo da lava endurecida.

Terremotos de baixa frequência começaram a ocorrer frequentemente em torno do Monte Fuji por volta dos anos 2000, mas a conscientização de contramedidas e conselhos de prevenção de desastres foram criados apenas em 2012, envolvendo os governos nacional, local e especialistas.

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A possibilidade de erupção no Monte Fuji, um dos principais símbolos culturais do Japão e destino turístico de renome mundial, preocupa equipes de saúde e de resposta a desastres em áreas suscetíveis a danos significativos.

O Dr. Hideaki Anan, médico e diretor encarregado de contramedidas médicas para crises na província de Kanagawa, liderou um treinamento intensivo de dois dias no final de novembro.

O exercício envolveu mais de 1.000 participantes, incluindo profissionais médicos e equipes de resgate, principalmente de Kanagawa e outras regiões do leste do Japão, como, Tóquio, situada a aproximadamente 100 km da montanha.

O objetivo do exercício era preparar-se para cenários extremos, como o transporte de feridos e a continuidade do tratamento médico em condições severas. Durante o exercício simulado, os participantes enfrentaram um terremoto fictício e receberam a notícia de uma erupção.

Em um contexto onde um terremoto já comprometeu edifícios, e o fornecimento de água e eletricidade é um desafio, o restabelecimento das operações logísticas torna-se extremamente difícil. Sem fornecimento de energia, o equipamento médico não funcionará e muitos dos hospitais nas zonas afetadas não conseguirão continuar a prestar cuidados médicos.

Além disso, a medida que as cinzas se acumularem, os carros, o transporte público e os helicópteros perdem a capacidade de operar, deixando cada hospital por conta própria, sem suprimentos e impossibilitando o transporte de pacientes para outras instalações.

Anan adverte que muitos hospitais não estão preparados para lidar com tal desastre e destaca a necessidade de uma abordagem nacional para enfrentar eventos raros, mas impactantes, como este.

Em um cenário de terremoto seguido de erupção, seria impossível para os hospitais e centros governamentais locais prestarem cuidados médicos que salvam vidas sem preparativos extensivos, tais como garantir amplos fornecimentos de alimentos e outras necessidades, durante os tempos normais.

Após o exercício de treinamento, Anan observou que “Esses eventos são muito raros, mas quando acontecem, o impacto é enorme”.

“Todo o país deve pensar em como lidar com isto”, acrescentou.

Imagem de destaque: Canva