Por que não é comum vermos mulheres chefs de sushi no Japão?

O mundo do sushi no Japão é considerado um dos mais tradicionais da gastronomia. Tornar-se um chef de sushi (寿司職人, すししょくにん) exige anos de treinamento rigoroso, disciplina e hierarquia. Por muito tempo, esse espaço foi dominado por homens, e as mulheres ficaram restritas ao preparo doméstico dos alimentos.

Muitos restaurantes de alto padrão ainda mantêm essa visão conservadora: para eles, o balcão de sushi é quase um palco, e o chef deve representar não só a técnica, mas também a imagem tradicional da profissão.

Os mitos que afastaram mulheres

Ao longo da história, surgiram várias justificativas para explicar a ausência de mulheres atrás do balcão de sushi. Entre as mais comuns:

Temperatura das mãos: dizia-se que as mãos femininas eram naturalmente mais quentes e, por isso, prejudicariam a textura e o frescor do peixe cru.

Maquiagem e perfumes: alguns alegavam que cosméticos poderiam interferir no aroma delicado do sushi.

Ciclos menstruais: havia a crença (sem qualquer comprovação científica) de que as alterações hormonais mudariam o paladar da mulher, tornando-a “menos confiável” para provar e ajustar o tempero do arroz.

Hoje, esses argumentos são vistos como mitos ou desculpas sem fundamento, mas ainda persistem em ambientes mais conservadores.

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Barreiras enfrentadas por mulheres

Mesmo quando a mulher deseja se tornar chef de sushi, ela enfrenta obstáculos já que os treinamentos podem levar 10 anos ou mais, exigindo uma dedicação quase exclusiva. As jornadas de trabalho também são longas e intensas, ficando difícil conciliar a família e o trabalho, principalmente se a mulher tiver filhos. E também há resistência de mestres tradicionais em aceitar aprendizes mulheres.

Isso faz com que poucas consigam chegar ao topo da profissão, especialmente em restaurantes de prestígio.

Mudanças no mundo do sushi

No Japão, o mundo do sushi sempre foi marcado pelo conservadorismo e pela ausência feminina atrás do balcão. Mas isso está mudando.

Cada vez mais mulheres estão conquistando espaço como chefs de sushi, desafiando mitos antigos e mostrando que técnica e sensibilidade não têm gênero. Restaurantes como o Nadeshiko Sushi, em Tóquio, formado apenas por mulheres, e nomes como Mei Kōgo e Yuki Chizui são exemplos dessa transformação.

O futuro do sushi tende a ser mais inclusivo e diverso, refletindo não apenas tradição, mas também inovação.