Filhos de brasileiros no Japão: ainda são brasileiros?

“Meu filho chega da escola, larga a mochila no canto e pede: Hoje pode ser kare raisu? Ele não quer mais arroz com feijão. Não quer mais ouvir música brasileira. Mal responde em português. Eu olho para ele e sorrio, mas por dentro meu coração aperta”.
Essa situação é comum em muitas casas de brasileiros no Japão. Filhos que crescem cercados pela cultura japonesa, estudam em escolas japonesas, fazem amigos japoneses… aos poucos vão se afastando do Brasil. Pedem para comer ‘onigiri’ em vez de comida brasileira, só assistem a animes e evitam falar português dentro de casa. Com o tempo, parece que vão deixando uma parte da identidade para trás, a parte que os liga às suas raízes.
Mas… isso é inevitável?
O que está acontecendo com os filhos de brasileiros no Japão?
O que vemos é um choque de identidades. A criança convive diariamente com:
- Colegas japoneses;
- Professores que só falam japonês;
- Códigos sociais japoneses (reigi, silêncio, disciplina extrema);
- Sistema escolar que valoriza o grupo.
Enquanto em casa, existe outra língua, outro jeito, outra cultura, que às vezes entra em conflito com o que ela vê como “normal”.
Sinais que seu filho está mudando

- Evita falar português ou responde só em japonês;
- Tem vergonha da marmita brasileira ou do sotaque dos pais;
- Recusa tradições como festas brasileiras, música ou religião;
- Reage mal quando os pais exigem “ser brasileiro em casa”;
- Pede para mudar o jeito de chamar, ou usa só o nome japonês.
Isso é ruim? Depende.
Não é errado que seu filho se adapte, é natural e necessário. Mas o problema aparece quando há rompimento, vergonha ou auto-rejeição.
Se a criança passa a ver o “brasileiro” como inferior, bagunçado ou indesejado… ela cresce com um buraco identitário.
Meu filho chega da escola, larga a mochila no canto e pede: “Hoje pode ser kare raisu?”.
Ele não quer mais arroz com feijão. Não quer mais ouvir música brasileira. Mal responde em português. Eu olho pra ele e sorrio, mas por dentro meu coração aperta.
Parece que, a cada dia, ele se distancia um pouco mais de mim, não como mãe, mas como brasileira.
Às vezes, tento puxar conversa em português e ele responde em japonês. Quando insisto, ele revira os olhos, como se fosse um esforço desnecessário. Outro dia, falei “te amo” antes de ele dormir. Ele só respondeu “oyasumi” e virou pro lado.
Doeu mais do que eu queria admitir. Não culpo ele. Ele está se adaptando, crescendo, vivendo num mundo que é todo em japonês. Mas me pergunto… será que um dia ele vai esquecer quem é? Será que vai ter vergonha do próprio sobrenome?
Será que, quando crescer, vai sentir falta das raízes que hoje parece rejeitar? Eu sei que ele me ama. Eu sei que está tentando se encaixar. Mas também sei que, se eu não fizer nada agora, ele talvez cresça sem uma parte essencial da história dele. E é por isso que, mesmo cansada, mesmo com pouco tempo, eu continuo insistindo:
“Filho, vamos ler um livro em português?”
“Vamos ouvir aquela música que a vovó gostava?”
“Quer que eu te ensine uma brincadeira do Brasil?” Porque ser brasileiro no Japão é difícil, mas esquecer que se é brasileiro… isso machuca muito mais. – Nome não revelado (brasileira, mora no Japão há mais de 15 anos). *Texto adaptado para melhor entendimento.
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O que fazer para manter a identidade brasileira saudável?
1- Valorize sua cultura com orgulho
Fale bem do Brasil, compartilhe histórias positivas, mostre músicas, comidas e festas.
2- Estimule o bilinguismo
Use português com constância em casa. Faça leitura conjunta, veja filmes dublados ou com legendas em português.
3- Celebre tradições
Natal, Festa Junina, Páscoa… mesmo que adaptado ao Japão, crie momentos que formam memórias afetivas.
4- Incentive a convivência com outras crianças brasileiras
Encontros em parques, igreja, eventos da comunidade. Isso ajuda seu filho a não se sentir “único” ou “esquisito”.
5- Dialogue com empatia
Evite brigar por ele estar “muito japonês”. Em vez disso, explique por que a mistura das duas culturas é um privilégio.
Viver no Japão não precisa significar esquecer de onde veio. Criar filhos bilíngues e biculturais é um desafio, mas também uma oportunidade única.
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