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Entenda a cultura do ‘gaman’ e seus efeitos na saúde mental

a cultura do gaman

A cultura japonesa do “我慢” (がまん, gaman) é uma característica profundamente enraizada na sociedade japonesa. A palavra pode ser traduzida como “aguentar”, “suportar”, “conter-se” ou “resistir com paciência”, e tem um peso cultural muito forte que vai além do simples significado da palavra.

O que significa ‘gaman’

Gaman (我慢) vem de duas ideias:

  • 我 (が): ego, eu mesmo
  • 慢 (まん): orgulho, arrogância

Historicamente, a palavra tinha uma conotação negativa, relacionada à vaidade e ao excesso de ego. Mas com o tempo, passou a significar o controle do ego em prol da coletividade, ou seja, suportar o sofrimento com dignidade e silêncio.

Por que o ‘gaman’ é tão valorizado no Japão?

1- Cultura coletiva: O bem-estar do grupo (empresa, escola, família) geralmente vem antes do indivíduo. Mostrar que você está sofrendo pode ser visto como egoísmo;

2- Influência budista: A resistência à dor e a aceitação do sofrimento fazem parte de muitas filosofias budistas, influentes no Japão;

3- Valores tradicionais: Honra, perseverança, disciplina e humildade são pilares da educação japonesa;

4- Educação desde cedo: Crianças são incentivadas a não reclamar, não chorar em público e a aguentar dificuldades — seja em esportes, estudos ou convivência social

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O lado perigoso do ‘gaman’

Apesar de parecer virtuoso, o gaman pode ter consequências negativas sérias, como:

  • Acúmulo de estresse e doenças psicossomáticas;
  • Karōshi (過労死): morte por excesso de trabalho — muitas vezes relacionada ao hábito de “aguentar calado”;
  • Depressão e suicídio: pela falta de espaço para desabafar ou pedir ajuda;
  • Ambientes de trabalho tóxicos: onde a resistência é exaltada e pedir folga ou dizer “não” é mal visto

Exemplos:

Trabalhadores que ficam até tarde mesmo sem necessidade real, para não parecerem “preguiçosos”;

Alunos que continuam praticando esportes mesmo lesionados, para não “envergonhar” o time;

Pessoas em relacionamentos abusivos que não falam nada para manter as aparências.

A cultura do gaman de suportar calado, aguentar sem reclamar, resistir mesmo em sofrimento — pode, infelizmente, ser uma das raízes invisíveis por trás de muitos casos de suicídio no Japão. Isso acontece não por ser diretamente “má”, mas porque quando mal interpretada ou levada ao extremo, se transforma em uma prisão emocional.

A pessoa acostuma a NÃO reclamar, NÃO mostrar fraqueza, e NÃO pedir ajuda.

Com o tempo, emoções como tristeza, raiva e frustração ficam acumuladas. Como não há válvula de escape (terapia, conversa, descanso, mudança), essa pressão explode internamente, e a pessoa pode sentir que não há saída.

“Se eu reclamar, vou decepcionar os outros”, “se eu pedir ajuda, vou atrapalhar todo mundo”. É o pensamento que ecoa quando acostumamos a resistir e suportar tudo.

Gaman é frequentemente confundido com “força”. Por isso, a pessoa que está mal tenta manter a aparência de normalidade:

  • Vai ao trabalho;
  • Sorri;
  • Cumpre os deveres

Mas por dentro, ela está sozinha. Isso dificulta que os outros percebam os sinais de sofrimento. E para quem está sofrendo, a sensação é: “Ninguém me entende. Ninguém vê o que eu estou passando”.

Culpa e vergonha por “falhar

Muitas pessoas sentem que buscar ajuda é um fracasso pessoal.

  • “Outros aguentam, por que eu não consigo?”;
  • “Se eu tirar licença médica, vou ser um peso”;
  • “Minha família vai se envergonhar se eu mostrar fraqueza”

Essa vergonha e autojulgamento podem alimentar a depressão e desvalorizar a própria vida.

Explosão silenciosa: suicídio como último recurso

Quando todas as outras portas parecem fechadas — reclamar, tirar uma folga, mudar de vida, pedir ajuda — o suicídio pode parecer o único caminho possível.

Não por vontade de morrer, mas por desespero e exaustão mental total.

Caminhos para mudar essa cultura tóxica

  • Normalizar o pedido de ajuda;
  • Incentivar conversas abertas em casa e no trabalho;
  • Ensinar que autocuidado não é egoísmo;
  • Promover ambientes onde gaman tenha limite

Apoio psicológico no Japão

Existem recursos gratuitos de apoio psicológico disponíveis para brasileiros no Japão. Um dos principais é a NPO SABJA (Serviço de Assistência aos Brasileiros no Japão), uma organização sem fins lucrativos que oferece diversos serviços de apoio à comunidade brasileira. A SABJA oferece atendimento psicológico gratuito em português, tanto presencial quanto online.

Os atendimentos são realizados por psicólogos brasileiros e podem ser agendados por telefone ou e-mail.

Como agendar:

Além disso, a SABJA também oferece atendimento jurídico, assistência social, cursos de língua japonesa, eventos culturais e outros serviços voltados ao bem-estar da comunidade brasileira no Japão. Para mais informações, visite o site oficial: www.nposabja.org

Lembre-se: você não está sozinho. Buscar ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza. Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades emocionais, não hesite em procurar apoio.

Compartilhar informações sobre esses recursos pode fazer a diferença na vida de alguém. Seja a ponte para o apoio que muitos precisam.

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